sábado, 27 de junho de 2015

Falando nisso... e a tapa?

Já tive muitas visitas que chegaram aqui pedindo pra experimentar “a tapa”. E daí eu pergunto: o que você acha que é uma tapa? A pessoa geralmente responde: uma brusqueta??

Bom gente… o conceito de tapa é a coisa mais legal de sair por Madrid (e pela Espanha no geral). Quando me convidavam para salir de tapas eu imaginava um monte  de gente se estapeando pela rua. Sem zueira.

Salindo de tapas... sqn

Mas daí eu aprendi: tapa é uma porção pequena de alguma comidinha beem boa que servem junto com a bebida, for free. Pode ser simples como uma batatinha ou azeitona, até asinha de frango, paella, maionese ou uns mini-lanchinhos. Os botecos fuleiros dos guardanapos no chão são os que servem as melhores tapas.

Exemplo de tapa... não é uma brusqueta!

Dica: se você sentar no bar e já pedir comida, não vão servir uma tapa boa… já sabem que seu pedido vai ser rápido. Chega no bar, toma sua cerveja e curta a tapa, e se necessário, peça algo depois. Já houve casos em que eu pedi comida só pra “não ficar chato”, de tanta coisa que nos serviram.

Quero tudo!
E de onde vem a tradição das tapas?

Já ouvi duas histórias sobre o assunto e nunca fui atrás pra saber qual é a verdadeira:

1) Algum Rei teve uma ressaca forte e soube que bebeu demais sem comer nada. Daí ele fez um decreto dizendo que nenhuma bebida poderia ser servida sem alguma comida para acompanhar.

2) Devido ao calor do verão, as taças de vinho atraíam muitas moscas. A solução foi colocar um pedaço de pão para tapar as bebidas e evitar os insetos. O pessoal ia beliscando a tapa  enquanto bebia o vinho, e daí o nome dado pra essas delícias!


Algumas outras que o wikipedia nos conta - Tapa

Qual história vocês acham que é a melhor??

Eu acho que é uma mescla de tudo e virou tradição... a melhor parte?? 

Experimentar TODAS!!!


domingo, 21 de junho de 2015

Mais uma dose, é claro que eu tô a fim…

Beber na Espanha é praticamente uma religião! A galera bebe bastante, principalmente no verão… eu mesma estou fazendo umas boas misturinhas em casa pra espantar o calor.

Nesse período entre Maio e Setembro, a temperatura está perfeita, quando não está insuportável, para estar em uma terrazita em La Latina ou na Plaza Santa Ana, ou em boteco no melhor estilo bancada suja de qualquer bairro.

Copa de vino y Tinto de Verano na Plaza Santa Ana... oi?

Ensinando o básico aos visitantes
Porém, beber em Madrid tem os seus segredos e muita gente tropeça na hora de pedir. É por isso que decidi fazer um guia para vocês, meus amigos, que às vezes nos visitam e ficam perdidassos quando saem por aí sozinhos e sedentos.

Pra começar… quando se deparar com um boteco fuleiro com um montão de guardanapos no chão… entre!! É uma mensagem subliminar para “aqui a comida/bebida é boa!”. Pode soar terrivelmente nojento, mas é a pura verdade e eu sempre aponto essa curiosidade quando vou aos meus bares favoritos.


Dicionário de como pedir cerveja:

Existem várias formas de pedir cerveja aqui e é um rolo. Eu ainda me embanano, mas vamos tentar deixar um guia para os visitantes:
  • Assim como no Brasil, aqui tem chopp mas não é assim que se chama e ninguém vai entender isso.
  • Se diz cerveza de grifo, ou na tradução literal: cerveja da torneira. O preço médio é de 2,40 €. Vai ficando mais caro quanto mais central for o local.

Essa, em plena Plaza Mayor, deve ter custado uns 4 €...


Para pedir um chopp você tem algumas opções:
  • Caña/Doble – que é um copo de 300-400 mL
  • Cañita – que vem num copinho menor, perfeito para não esquentar
  • Pinta (Pint) – que é o copão de 500-600 mL
  • Jarra – que é a pior coisa do mundo  1-1,5 L de cerveja numa jarrona – bom pra quem tá em muita gente e pouco dinheiro (e geralmente já chega quente)
  • Tercio – que é a famosa long neck
  • Botellín – é uma garrafinha menor, de uns 200 mL, e perfeito pra enganar os trouxas clientes nas “promoções”
  • Mini – ridiculamente, é o mega copo de 700 mL vendidos em shows e concertos
  • Cerveza sin o zero – cerveja sem álcool que pode vir en tercio o en caña

Quando se diz simplesmente  cerveza, o garçom pode querer confirmar se é una caña o un tercio e daí todo mundo fica com cara de ué. Melhor especificar.

Daí temos as versões, que são minhas preferidas, e carinhosamente apelidadas de “cervejerante” nas internas:
  • Clara – é uma caña misturada com gasera, que por sua vez é uma água gaseificada meio doce
  • Clara con limón – é a versão feita com algum refrigerante de limão da marca de bosta genérica ou, no melhor dos casos, com Fanta Limão.

Ah, e falando em limão, não sei onde mais é assim, mas aqui isso é um limão:

Oi, eu sou um limón

 E isso é uma lima!


Muito prazer, eu sou a lima!


Cuidado com a confusão que isso causa… se pedir um sumo de limón será da lima que nós conhecemos e vice-versa.


Outras coisas interessantes de saber:

Aqui o vinho é fantástico e deve ser provado! Com suas versões e regiões. Além dos normais branco e tinto, aqui se encontra o verdejo (meu favorito), os espumantes e as cavas, que são como o “champagne espanhol”.

Pode-se pedir en copas ou seja, em taças, ou en botella se estiver com mais gente. Uma taça de um vinho bom custa, na média, 3,00 €.

Assim como a cerveja, o vinho tem suas vertentes que vão muito bem no verão e são os favotiros da mami:
  • Tinto de verano – nada mais é que a versão da clara o clara con limón e também pode ser feito com gasera ou com o refrigerante. Geralmente vem com muito gelo e umas rodelinhas de limón.
  • Sangria – é uma versão do tinto de verano com mais suco de frutas e frutas no copo. Faz estragos.

Extras:
  • Chupito – que é o nome mais feio que eu já ouvi para dose pura de alguma coisa, ou shot, e custam geralmente uns 4 € dependendo do que for
  • Copa – pode ser una copa de vino ou a tradução para drink, e custam em média 8 €

Salir de copas significa tomar algo mais tarde, depois do jantar geralmente, e encher a cara com coisas mais fortes. Aqui a bebida mais “modinha” é a famosa gin tonic. E eu amo! Cada bar faz sua versão e coloca algum segredinho, que pode ser um tempero, ou até mesmo deixar o copo todo psicodélico.

Una copa psicodélica de gin tonic

Quando se pede uma copa eles geralmente não colocam nomes e sim dizem o que é literalmente: run con cola, vodka com fanta, whisky com yielo…. E por aí vai.

A marca fica por conta do cliente, sendo meu gin preferido o Tanquerray.

E, para evitar uma ressaca, NUNCA aceite as bebidas de promoção para entrar em algum lugar: por exemplo, pague 5 € e ganhe una copa o un chupito.

É bebida fuleira e vai te causar um estrago, do tipo, que você vai querer culpar o burrito da madrugada, mas na verdade foi aquela tequila... y lo sabes… 

been there, done that.


P.S.: Este post não seria possível de ser escrito sem o apoio dos meus pais que me ensinaram a beber direito, e da ESALQ… que me manteve ativa por muitos anos! Obrigada gente, vocês são demais!!


sábado, 6 de junho de 2015

Tell me if you wanna go home...

Tava aqui viajando na maionese e pensando: queria escrever mais no blog.

Tenho uma lista de assuntos para mante-lo ativo, com o objetivo inicial de “profissionalizar” os blogs de pessoas que vivem fora do Brasil. Mas me pego ocupada diariamente ou sem o feeling para tal atividade.

Daí, lá pelo terceiro fim de semana consecutivo em que minha vontade é somente ficar de pernas pro ar, resolvo pegar o computador e tentar escrever algo… enquanto tento atualizar a meleca do OS do Blackberry…

Passei os últimos 45 dias viajando. Seja por motivos profissionais ou pessoais, estive em várias cidades do México, Portugal, pela própria Espanha, Bélgica e finalmente terminei no Egito.

Muitíssimas pessoas acreditam com todas as suas forças que eu vivo numa vida glamourosa de Hotéis 5 estrelas ou passeios turísticos. Eu tento explicar que não é assim… mas a ilusão de viver globo trotando, que todos anseiam, é o que move a “invejinha branca” sentida ao meu redor. Juro que não levo por mal.

Muitos não sabem que quando eu viajo durmo uma média de 5 horas por noite, pois sou agrônoma, e os compromissos no campo começam cedo. Também não sabem do calor de 47ºC no deserto. Não sabem do medinho interno que eu sinto de viajar de avião. Das náuseas nos carros e das estradas em perfeitas condições, sqn… Ah! E que hotéis se embananam, e cancelam sua reserva quando se chega às 11h30 da noite, mas vai sair as 4h00 pro aeroporto. Ou que fizeram o meu check-out e deram a chave do meu quarto, com as minhas malas dentro para outra pessoa!! Que glamour hein?

No fim tudo vira história pra contar, e sim, eu me sinto extremamente privilegiada em poder conhecer a agricultura em diversos cantos do mundo. Sim, eu amo meu trabalho, e não, não sou somente “sortuda” pra levar uma vida assim – eu tive que trabalhar para um baraleo até chegar aqui ;)

Ora pois, este texto está se desviando um pouco da minha idéia inicial. Eu ia falar um pouco sobre a solidão de ser um expatriado.

Li um texto maravilhoso, que resume bastante o que eu penso ultimamente. Então eu não preciso falar tanto, mas deixo o link aqui embaixo:


A diferença é que “para minha sorte” (e digo entre aspas porque é óbvio que construimos uma família e não somente fomos sortudos), tenho o Dan e a Stelinha ao meu lado. Mas pra eles também não é fácil ficar semanas sozinhos em um país que não é o deles. E me esperar chegar no fim de semana, ultra destroçada, e com vontade de ficar espalhada no sofá…

A questão é, que sair do país é estar sozinho e ponto. Não tem amigos íntimos pra pedir ajuda na hora da mudança, não tem mãe pra cuidar do resfriado, não tem pai pra pagar a conta do cartão  de crédito…

Os amigos vão e vem rápido… os locais têm suas próprias vidas e os de fora buscam voltar para suas próprias raízes. É isso que venho experimentando há 2 anos e estou aprendendo a viver assim.

Na real, morro de saudade da vida social entre Campinas e Piracicaba… e alguns feriados na Garça com a vó!

Ainda assim, aqui estamos, firmes e fortes… e de verdade, felizes! Não se preocupem com o texto desabafo. As vezes é necessário!

E do mais, venham nos visitar… seus putos!! :P

Pra terminar menos melancólica, vai uma forcinha da Greta!!