Daí então meu chefe disse: “Você precisa ir ao
Camboja”.
Minha primeira reação foi: “Aham, onde fica o Camboja?...
O que se come no Camboja?”
Primeiramente minha ficha não caía, uma
preocupação enorme com a distância e o tempo que eu passaria por lá. Seria a
primeira vez que eu deixaria marido e gato sozinhos na Espanha… minha “eu” de 5
anos atrás não se importaria com isso, nem um pouco! Até arranjaria uma
desculpa pra passar mais tempo turistando, afinal, quando é que eu teria outra oportunidade
dessas de ir ao desconhecido?
Daí veio o pânico! Era a primeira vez que eu
iria pra Ásia, pra um país sub-desenvolvido, com surtos de malária etc e tal.
Afinal, o que tem no Camboja e o que as pessoas fazem por lá?
E como vou deixar o Dan ficar sozinho uma
semana? E se eu tiver que ir num hospital? E se eu não entender a língua… e
afinal o que eles comem??
Bom, como tudo deve ser feito, ao invés de
pirar o cabeção, resolvi pesquisar sobre o assunto. E achei muita coisa que não
sabia, nem esperava: Os templos de Angkor, o Khmer Vermelho e o genocídio, o
cultivo do arroz, as aranhas fritas… Vi que muita gente ia pro Camboja para ver
os templos onde filmaram Tomb Raider (!!) e é só. Gente que está pela Ásia e dá
um rolé entre Tailandia e Vietnã (sim, é ali que o Camboja fica hehe)
E é claro, a Glória Maria também foi!!
Bom, eu passaria uma semana ali. Me preparei
psicologicamente pra tudo. Teria metade de um domingo pra ir nos templos e o
resto seria reuniões e visitas ao campo.
Foi legal? Foi no mínino interessante...
Mas, por que eu não gostei?
1) Não
gostei pelo mesmo motivo que não gosto do Nordeste Brasileiro (oooooh).
Simplesmente os turistas vão lá, tem praia (no caso, tem os templos), é louco,
é bonito, eu nunca vi isso na minha vida e custa muito barato! Só que as
pessoas que vivem ali não aproveitam 1/10 disso! Vivem mal, sem infra estrutura,
sem saúde, sem dinheiro… e os turistas estão tão emocionados com suas fotos que
o resto vira detalhe. Pra mim não vira…
Angkor Wat visto de Phnom Bakheng |
2) No
segundo dia começou a odisséia ao banheiro! Pra não ser mais clara… apesar de
me cuidar, de tomar água mineral, de comer somente coisas cozidas e bla bla, no
segundo dia eu havia adquirido algum tipo de ser vivo interno (uma ameba, de
acordo com o dotô). Tive que chamar meu seguro internacional e me mandaram numa
clínica fantástica no miolo de Battambang. Coisa que o resto das pessoas que
vivem ali não tem acesso.
3) Eles
bem que tentam agradar os “westerns”, mas a desorganização geral da nação
impede bons serviços. Os cambojanos nunca deixam um western em pé, sempre
sorriem, dizem bom dia, e querem muito te ajudar! Mas na prática demorei 2 dias
pra conseguir um táxi em um hotel 4 estrelas. E no meio da viagem ele dormiu!
Sério…
Pois então amigos e amigas… esperei a semana passar
enquanto trabalhava e ia ao banheiro. E ela passou! Eu sobrevivi, fiz meu
trabalho, conheci gente muito boa, conheci gente esquisita, fui pra um lugar
onde não pensaria nunca em ir. E não paguei pra isso! Também descobri que a
comida é muito boa! Salvo que é arroz com porco até no café da manhã, e que as
tarântulas estão em extinção… por isso não se come mais!
Arroz na província de Battambang |
Foi esquisito pensar em “estou voltando pra
casa” – quando na verdade estava indo pra Espanha e não pro Brasil.
Talvez tenha sido uma das primeiras vezes que
senti que a Espanha é a minha casa. Ou somente é porque o meu novo “eu” sabe
que minha casa é onde está a Teté ^^ e consequentemente, o Dan também!!
De boa, ronronando... :P |
Meu conselho é: se você for pra um país desses, leia muito - nem que seja Wikipédia - e entenda por que o país é assim, por que não existem pessoas mais velhas do que 40 anos e por que tudo parece tão atrasado...
Os blogs e vídeos mais legais que eu vi e assisti sobre viagens ao Camboja:
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